Hoje apetece-me falar do trabalho e da falta dele. Do amor ao trabalho, da obsessão pelo trabalho, pelo mal que nos possa fazer a nós e aos nossos filhos. Conforme Paul Lafargue, médico socialista françês, casado com a filha mais nova de Krl Marx, o trabalho é uma actividade essencial na construção da humanidade, mas dentro dos limites razoáveis onde não pode ficar de fora o igual direito ao ócio. 126 anos depois deste manifesto, o assunto continua na ordem do dia. Os Gregos e os Romanos consideravam o ócio a mais alta das virtudes, aquela por onde poderia finalmente nascer o desenvolvimento físico e intelectual do homem. Hoje sinto o desemprego mais que nunca no nosso país, e, quanto a mim, agrada-me a sensação de não estar no ritmo alucinante que me exigiram nos últimos trabalhos que tive onde exaltam a competitividade como o principal factor humano a considerar, em prejuizo de um trabalho profissional que seja estruturante e reestruturante, capaz de ser produtivo e que para mim, seja a garantia de estar a produzir algo para ficar no dia de amanhã, ao contrário do que tem acontecido, tem que ser lucroso para hoje e se amanhã já cá não estiver não faz mal.
Só vejo o proveito nos que lucram e não nos que trabalham. Aqui recordo-me de uma mensagem do colaborador do partilha, Vedoris, que conta em como os Suecos trabalham cada projecto no prazo de dois anos. Pensar, repensar, melhorar, por forma a que, quando implementado, possa dar frutos no futuro e seja compensador para todas as pessoas envolvidas. Agora alimenta-se o desenrasca, o salve-se quem puder e amanhã logo se vê.
Critica-se esta loucura na forma de vida das pessoas, mas esquecem-se que provém do trabalho e naquilo que é exigido, 8, 9 10 horas por dia, 5 e às vezes mais dias por semana.
Hoje a psicologia vei-o fazer com que se tenha que alterar a forma de trabalhar com base na motivação.
Hoje há empresas que usam o ócio como chave para essa motivação, porque é do ócio que muita vezes surge a ideia mais brilhante (Assim nasceu a filosofia, a ciência ou a cultura). Em muitas das novas profissões a mais importante ferramente de trabalho é pensar e, para isso, nada como o ócio.
Dzem agora os proprios investigadores que, enquanto vivermos atafulhados a produzir resultados não temos capacidade de digerir e de pensar. Contemplação e reflexão tornaram-se hoje valores imprescindiveis. Não "fazer nada"já não é perda de tempo porque é no descanso que o pensamento pode fluir. Lembro-me agora da bendita sesta que os nossos vizinhos fazem e dos benefícios que podem adver daí...
Enquanto não pararmos de cumprir tarefas entre casa e o trabalho, não há tempo para pensar. Domenico de Masi, sociologo italiano pioneiro da causa do ócio, defende que estamos a entrar na "sociedade da criatividade", onde já não são precisos tantos postos de trabalho, nem tantas horas de falso labor. São precisas ideias.
Profetiza este sociólogo, uma sociedade onde o trabalho nascerá do ócio e não daquela onde adquirimos o direito ao ócio epenas como prémio pelo nosso trabalho. (para continuar...)
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Trabalho e Ócio
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Quem não se conseguir rever, nem que seja um pouquinho, nas linhas do artigo, é um sortudo.
Hoje há quem se dedique a estudas formas de conseguir o "sentimento de culpa" no trabalhador que já não consegue fazer o trabalho que lhe está assignado, provocando o stress, execsso de trabalho e outras coisas do género. Já ouviram falar do "empowerment", "vestir a camisola"...
Já nem tempo resta para pensar no objectivo da vida, o que gostariamos de fazer por forma a nos sentirmos realizados na nossa curta existência.
Cabiri, grata pelo teu coment ;). Ainda vou querer partilhar mais umas ideias neste tema, e gostava de poder transmitir uma mensagem de optimismo, porque acredito, estar nas nossas maos alterar o estado de coisas. Na França os jovens saem à rua para protestar. Falar enquanto haja esperança, fazer algo que esta ao nosso alcance... nao desanimes!!!
Quem sabe se algum dos leitores deste blogue sabe de algum bom emprego para a nossa CANUDA? Quem dá mais? :)
Enviar um comentário