terça-feira, 29 de abril de 2008

Martha Medeiros - OBRIGADO POR INSISTIR

Eu sei, eu sei, já seis quintos da humanidade deve conhecer os textos de Martha Medeiros mas eu só os descobri esta semana, por isso deixem-me fazer uma festa e celebrar esta descoberta. Martha Medeiros é poeta, é cronista e grande parte dos seus textos parece que acertam em cheio na nossa vida. Pelo menos na minha é assim e quase de certeza que também será assim com outras pessoas. Os seus escritos são um cocktail delicioso composto por clarividência, humor, inteligência, humanidade e muitas outras coisas positivas que os seus leitores terão o prazer de descobrir. Eu descobri AQUI uma entrevista já antiga e AQUI um site onde foram colocados muitos textos dela. Penso vir a colocar no Partilha alguns desses textos e para já deixo-vos com a minha primeira escolha e o desejo de que o cheiro e o paladar vos despertem o apetite para o referido site. ATENÇÃO PERIGO: não se consegue parar de ler.

OBRIGADO POR INSISTIR
Até o mais seguro dos homens e a mais confiante das mulheres já passaram por um momento de hesitação, por dúvidas enormes e dúvidas mirins, que talvez nem merecessem ser chamadas de dúvidas, de tão pequenas. Vacilos, seria melhor dizer. Devo ir a este jantar, mesmo sabendo que a dona da casa não me conhece bem? Será que tiro o dinheiro do banco e invisto nesta loucura? Devo mandar um e-mail pedindo desculpas pela minha negligência? Nesta hora, precisamos de um empurrãozinho. E é aos empurradores que dedico esta crónica, a todos aqueles que testemunham os titubeios alheios e dizem: vá em frente!
“Obrigada por insistir para que eu pintasse, que eu escrevesse, que eu actuasse, obrigada por perceber em mim um talento que minha autocrítica jamais permitiria que se desenvolvesse.”
“Obrigada por insistir para que eu fosse visitar meu pai no hospital, eu não me perdoaria se não o tivesse visto e falado com ele uma última vez, eu não teria ido se continuasse sendo regida apenas pela minha teimosia e orgulho.”
“Obrigada por insistir para que eu conhecesse Veneza, do contrário eu ficaria para sempre fugindo de lugares turísticos e me considerando muito esperta, e com isso teria deixado de conhecer a cidade mais surreal e encantadora que meus olhos já viram.”
“Obrigada por insistir para que eu fizesse o exame, para que eu não fosse covarde diante das minhas fragilidades, só assim pude descobrir o que trago no corpo para tratá-lo a tempo. Não fosse por você, eu teria deixado este caroço crescer no meu pescoço e me engolir com medo e tudo.”
“Obrigada por insistir para eu voltar pra você, para eu deixar de ser adolescente e aceitar uma vida a dois, uma família, uma serenidade que eu não suspeitava. Eu não sabia que amava tanto você e que havia lhe dado boas pistas sobre isso, como é que você soube antes de mim?”
“Obrigada por insistir para que eu deixasse você, para que eu fosse seguir minha vida, obrigada pela sua confiança de que seríamos melhores amigos do que amantes, eu estava presa a uma condição social que eu pensava que me favorecia, mas nada me favorece mais do que esta liberdade para a qual você, que me conhece melhor do que eu mesma, apresentou-me como saída.”
“Obrigada por insistir para que eu não fosse àquela festa, eu não teria aguentado ver os dois juntos, eu não teria aturado, eu não evitaria outro escândalo, obrigada por ficar segurando minha mão e ter trancado minha porta.”
“Obrigada por insistir para eu cortar o cabelo, obrigada por insistir para eu dançar com você, obrigada por insistir para eu voltar a estudar, obrigada por insistir para eu não tirar o bebê, obrigada por insistir para eu fazer aquele teste, obrigada por insistir para eu me tratar.”
Em tempos em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhe diz respeito, só mesmo agradecendo àqueles que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia connosco, insistindo.
Martha Medeiros

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Transfusão

Uma menina estava a morrer da mesma doença que o seu irmão se tinha curado há algum tempo atrás.
O médico disse ao menino: "Só uma transfusão do teu sangue pode salvar a vida da tua irmã. Estás disposto a fazê-la?"
Os olhos do menino reflectiram um verdadeiro pavor. Hesitou por uns instantes e finalmente disse: "Está bem doutor, faço".
Uma hora depois de realizada a transfusão o menino perguntou indeciso: "Doutor, diga-me: quando vou morrer?" Só então o doutor compreendeu o pavor momentâneo que tinha detectado nos olhos do menino: pensava que ao dar o seu sangue iria também dar a vida pela sua irmã.
(Anthony de Mello, La Oracion de la rana, Pg. 202 Ed. Sal Terrae)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Infinitos - ...Patinar...

Onde param os limites da destreza humana? Os nossos...? E se nós resolvêssemos viver com a criatividade de uma dança, ou de uma acrobacia?


domingo, 13 de abril de 2008

Bem Entendidos

Acredito que as relações num casal (e não só) se podem esquivar a sofrer um grande desgaste se as pessoas se derem ao trabalho de fazer uma coisa muito simples e que é verificar se, numa discussão, estão a falar da mesma coisa. Verificar até onde vai aquilo que é dito em vez de tomarem por verdadeiro um alcance que é apenas imaginado (e que por vezes vai demasiado longe). Por outras palavras, trata-se de evitar tirar ilações abusivas daquilo que a outra pessoa diz (por muito jeito que isso nos pudesse por vezes dar).
Vai daí, encontrei AQUI uma citação interessante de Kierkegaard sobre mal-entendidos...

...e encontrei também esta história:

"«Querido», disse a mulher, «sinto vergonha do modo como vivemos. O meu pai paga-nos a renda de casa; o meu irmão manda-nos comida e dinheiro para a roupa; o meu tio paga-nos as facturas da água e da luz; e os nossos amigos oferecem-nos bilhetes para o teatro. Eu não me queixo, mas creio que poderíamos fazer melhor...»
«Naturalmente que podemos», disse o marido.
«Curiosamente há dias que venho pensando no assunto: tens um irmão e dois tios que não nos dão nem um cêntimo."
(Anthony de Mello, La Oracion de la rana, Pg. 151 Ed. Sal Terrae)

domingo, 6 de abril de 2008

Infinitos - ... Pintar...

Por muitos limites que imaginemos estaremos sempre em contacto com todo o infinito. É isso que também somos. Quando o eco desse infinito se espalha dentro de nós e conseguimos cantar afinados com ele, aquilo que somos e fazemos expande-se para algures, para um "lá" a que chamamos impossível, sublime, divinal, etc. Com este vídeo convido-te à experiência de deixares os teus "limites" esquecidos e "ocultos sob o pó do caminho" e a avançares para "lá", a partir da força que te chegar também de "lá" por todos os poros da tua existência.


quarta-feira, 2 de abril de 2008

A Mudança

A Mudança…

"É preciso saber quando uma etapa chega ao final.Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos de viver…Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos – não importa o nome que lhe damos, o que importa é deixar no passado, os momentos da vida que já acabaram.

Podes passar muito tempo a perguntar-te porque é que isso aconteceu. Podes dizer-te que não darás mais nenhum passo, enquanto não entenderes as razões que levaram a certas coisas que eram tão importantes e lindas na tua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos; sejam eles parceiros, amigos, familiares… todos estarão a encerrar capítulos, virando uma página, seguindo adiante, e todos sofrerão ao verificarem que tu estás parado…

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado. Nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem connosco. O que passou não voltará! Não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia, uma ligação que já terminou… As coisas passam e o melhor que temos a fazer, é deixar que realmente elas possam ir embora.

Por isso, é muito importante, por mais doloroso que seja, destruir recordações, mudar de casa, dar para os orfanatos, vender ou doar livros, ou o que quer que seja…Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível. O que acontece na nossa vida ao desfazermo-nos destas lembranças, não é nada mais que dar espaço e oportunidade para que outras tomem o seu lugar.

Crescer é: deixarmos ir embora, soltarmo-nos, desprendermo-nos. Ninguém nesta vida joga com cartas marcadas. Portanto às vezes ganhamos, outras, perdemos! Não esperes que te devolvam algo. Não esperes que reconheçam o teu esforço, que descubram as tuas qualidades, que reconheçam o teu Amor… Dá simplesmente, porque te virá em retorno.

Pára de ligar a tua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa que te mostra como sofreste com determinada perda. Isso só serve para te “deitar abaixo” e nada mais.

Encerrar ciclos : não por causa do orgulho, por incapacidade ou soberba, significa muito simplesmente, que tudo isso já não se encaixa mais na tua vida.

Fecha a porta, muda o disco, limpa a tua casa interna, sacode a poeira… Deixa de ser quem eras e transforma-te em quem tu és realmente."

Escolhas do Mês - Arrisca te pela amizade!