sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Restolho das nossas vidas

Geme o restolho, triste e solitário
Da embalar a noite escura e fria
a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário
Geme o restolho, preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade
Geme o restolho,
a transpirar de chuvanos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonho
numa alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver
a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
prá receber daquilo que aumenta o coração
Geme o restolho, a transpirar de chuva nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonho uma alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo semear no pó e voltar a colher há que ser trigo, depois ser restolho há que penar para aprender a vivere a vida não é existir sem mais nada a vida não é dia sim, dia não é feita em cada entrega alucinada
prá receber daquilo que aumenta o coração

Mafalda Veiga, Restolho

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